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Refém ou Facilitador? Onde se encaixa quem acolhe o(a) paciente em seu lar?

  • jhiroshi
  • 9 de fev. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 23 de nov. de 2023

Quem convive com o paciente? Como ele é visto e encarado por aquele que está em constante sofrimento?

" Doutor não fale desse jeito com ela"  " Ela está sofrendo, não pode ouvir certas coisas, por favor  só a ouça e não olhe em seus olhos"...
Quem indica ou acompanha o paciente por vezes não se trata de atender quem se deve atender e sim aquele que o acompanha, ou seja, o facilitador...

Dependendo do tipo e intensidade das frustrações com a vida, há pacientes que acabam rendendo com intensidade avassaladora suas mágoas, suas angústias e até sua raiva sobre eles próprios e costumam também irradiar para quem estiver mais próximo, suas decepções.


Quem está mais próximo tem que se valer de buscar seus próprios limites na convivência com pacientes, porque a propensão é que por se responsabilizar em demasia ou por um amor cego, se deixa se envolver de tal modo que a saúde mental de quem quer cuidar se torna insalubre por esse tipo de convivência.


Quando não regulam esse limite, se tornam o ego de seus algozes, o paciente se torna o Id, isto quer dizer o quê? I Id na teoria psicanalítica, são as pulsões, o instinto, os desejos inconscientes, o princípio do prazer, é necessário evitar tudo que é aversivo. O Ego na teoria psicanalítica é o que chamamos de princípio de realidade, é o que introduz a razão, o planejamento e o que é de se esperar no comportamento humano racional.


Tendo entendido esses elementos, podemos entender que o paciente em sofrimento psíquico emocional descarrega no outro, as consequências de suas frustrações inconscientemente porque o outro "aguenta "já que no seu entendimento quem está em sofrimento não é ele. Quem recebe tem que saber se impor seus limites, porque o Id se manifesta no cumprimento de se livrar da dor, sem vivenciar as responsabilidades de suas ações, cabendo achar quem deve mediar seu descontrole é o Ego, sim quem recebe a descarga.


Mas como se dar o limite? Muitas vezes quem é visto como ego, se sente demasiadamente responsável pela situação e é comum sentir-se culpado, se colocando como um alvo para as investidas do paciente. Tem consciência de que isso não é certo, mas passa a adquirir a "Síndrome de Estocolmo" que é caracterizada por um estado psicológico de intimidação, violência ou abuso em que a vítima é submetida por seu agressor, porém, ao invés de repulsa, ela cria simpatia ou até mesmo um laço emocional forte de amizade ou amor por ele.


Em terapia, o paciente que diariamente descarrega suas frustrações com seu ego amado(a) (mãe, pai, irmão, namorado(a), tia, avó, etc.) em seu lar, não se rende na sessão, mesmo lidando com suas sombras, angustias e dessabores mais intensas na vida, porque inconscientemente estabeleceu uma transferência de responsabilidade para a outra pessoa em sua residência na qual é seu ego. É ele o responsável para lidar com seu sofrimento, porque o Id se isenta dessa responsabilidade.


Nesse caso, quando o psicólogo avalia esse tipo de situação, é necessário que o refém que ao mesmo tempo é o facilitador também vá até a terapia para dissolver esse ciclo nocivo de relacionamento, por vezes, o indivíduo não aceita e se julga estável, dando a entender que é o paciente é quem necessita desse cuidado mais do que a si próprio, se negando ao repertório profissional qualificado do psicólogo que a atual situação carece de urgência de psicoterapia para quem recebe a função de ego na vida do paciente.


Não é um processo fácil, o psicólogo tem que ter muito tato profissional, sensibilidade e base teórica para ligar com essa transição. Estabelecer limites de quem o paciente o chama de ego, é estabelecer também autonomia do paciente, por mais que ele rejeite a situação, já que conduz suas frustrações sem limites tal como é o id. Quem sobre o peso das responsabilidades também percebe a autonomia e o condicionamento em que viveu.


O paciente em ambiente exterior, costuma ter um ego inflado, isto é um falso empoderamento de si, uma casca de ovo para sair de casa, as adversidades acumuladas no dia são descarregadas quando retorna ao lar e pode-se estabelecer conexão negativa com a pessoa que o denominou de ego. Por vezes, é possível descarregar a tensão por celular ou outro meio de comunicação, tudo é válido para o id....



 
 
 

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