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Estou desesperadamente ansiosa, você tem que me entender! Você tem que me ajudar agora!

  • jhiroshi
  • 1 de jul. de 2024
  • 3 min de leitura

A diferença entre o sofrimento e o imediatismo pode ser a chave no processo terapêutico.

A paciente em sessão está perturbada com seus próprios pensamentos, relata que ninguém a atende mas que tem suas coisas sob controle, indiretamente se sente paralisada e tem um alto nível de exigência sobre si mesmo, o que acarreta um um alto nível de frustração e autossabotagem. Uma angústia do que fazer lhe abate e a ansiedade pelo tempo que perde com sua condição impera em seu cotidiano, a levar a alta medicação prescrita pelo psiquiatra e desentender com entes queridos pois ninguém sabe sobre sua dor. Parece algo imutável, impossível respirar, todos devem compreender o que se passa com ela.


A paciente tem um comportamento de ser imediatamente respondida, tanto dentro e fora da sessão. Carece sobre tudo da ideia de ser a priori compreendida sob sua perspectiva e dá orientações ao psicoterapeuta de como a sessão deve ser conduzida. Existe uma grande necessidade de se comunicar, exacerbar na fala sem cadenciar uma consciência, que de certo modo isso é bom inicialmente, mas adiante, dentro de meses futuros, o processo psicoterapêutico é preciso o acesso a essa consciência para compreender a própria fala e do que está verbalizando. Pacientes assim tende uma longo processo terapêutico, levando a anos sem possibilidade de remissão ou melhora significativa, caso o profissional não saiba quando orientar os momentos chaves desta escuta clínica.


Este é o momento que dizemos que a paciente está sibilando em negação e raiva, baseado a obra “Sobre a morte e o morrer” da psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross , que formulou as cinco fases do luto: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Tais fases representam reações psíquicas do individuo enlutado para lidar com a perspectiva da perda/morte e são processos naturais do ser humano, porém podem ser utilizados para entendimento do processo psicoterapêutico também.


Segundo a autora:


Negação: "Isto não pode estar a acontecer."

É a primeira fase do luto e se manifesta como uma defesa psíquica, onde a pessoa se nega a acreditar no que ocorreu e de alguma forma, tenta não entrar em contato com a realidade e prefere não falar sobre o assunto. É uma fase de dor intensa e dificuldade para lidar com a perspectiva da ausência.


Raiva: "Por que eu? Não é justo."

A segunda fase se caracteriza pelo sentimento de revolta com o mundo e todos, onde o indivíduo se sente injustiçado e não se conforma pelo o que está passando. Ocorre a conexão com a realidade e a percepção que não é possível reverter a situação.


Negociação: "Deixe-me viver apenas até ver os meus filhos crescerem."

Na terceira fase, a pessoa negocia consigo mesma. É uma tentativa de aliviar a dor e ponderar possíveis soluções para sair daquela circunstância. Normalmente, relaciona-se a uma conjuntura religiosa e promessas a um Deus.


Depressão: "Estou tão triste. Por que devo me preocupar com qualquer coisa?"

Nesta quarta fase ocorre a reclusão da pessoa para o seu mundo interno, onde ela passa a se isolar e a se considerar impotente frente ao ocorrido. Geralmente, é a fase mais duradoura do processo do luto, caracterizada por um sofrimento intenso.


Aceitação: "Vai tudo ficar bem.", "Eu não consigo lutar contra isto, é melhor preparar-me."

Quinta é a última fase do luto, o indivíduo não se sente mais desesperado e já consegue enxergar a realidade como ela é. Ocorre assim, a assimilação e aceitação por completo da perda ou morte de forma consciente.


Portanto, o luto é um processo necessário e crucial para preencher o vazio deixado por qualquer perda significativa, fazendo com que a vida de quem o passou, prossiga. No caso da paciente, a mudança de pensamento deve ser entendido como um luto também, o desconhecido sobre o futuro impede de avançarmos, mesmo que atualmente esteja em sofrimento, então pensa-se em não acumular mais dores. Sem dúvida um mecanismo de defesa. Indiretamente ou não, o fato é que todos que procuram psicoterapia esteja em algum estágio de Elisabeth Kübler-Ross. Ao menos o profissional tem que entender em que etapa está seu paciente e assim lhe dar o devido acolhimento e a orientação devida.


Para entender melhor a obra de Elisabeth Kübler-Ross, clique abaixo:

 
 
 

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