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Quando vou ao meu psicólogo atrás de conselho

  • jhiroshi
  • 20 de dez. de 2023
  • 2 min de leitura

Pacientes que buscam o coaching psicoterapeuta
O paciente comparece a sessão quando sente necessidade, busca por conselhos práticos, geralmente não adere ao tratamento.

Para pessoas que desconhecem o processo psicoterapêutico, a frase de título deste artigo pode parecer algo bem racional e sem a intenção de embutir linhas subliminares. O paciente sente-se com a necessidade de buscar uma "luz" no fim do túnel para suas dúvidas ou problemas, afim de ter uma segunda opinião ou por vezes inconscientemente buscar acolhimento imediato.


É comum este paciente em específico, mesmo com o enquadre fechado das sessões dos dias e horários combinados com seu psicoterapeuta, apresentar um comportamento de não bancar o comprometimento em estar nas sessões combinadas, buscando escolher quando deseja comparecer, criando um distanciamento diferenciado entre as sessões. Por vezes, o que também é bastante comum, definir por ele mesmo o dia e hora que deseja a sessão, geralmente uma sessão por mês ou prolonga uma sessão para realizar a partir de dois meses.


Quando este paciente vem a sessão, geralmente traz as mesmas queixas que o trouxeram inicialmente a procurar o profissional, tem o desejo de ser ouvido, o que chamamos de processo de acolhimento. No decorrer das sessões, se realiza o processo gradativo da intervenção através da escuta clínica junto ao paciente para que ele possa ver a situação por uma outra perspectiva e refletir sobre o assunto, orientando-se ao entendimento que isso lhe possa lhe fazer algum sentido. Mas quando há interrupções das sessões por longos períodos, isso atrapalha o processo terapêutico, já que perde-se as ponderações 9feitas em cada sessão) do que lhe causa a angustia, porque o conjunto desses encontros faz parte de uma cadeia de considerações que se vai construindo aos poucos.


Quando o paciente vem em uma única sessão por mês, ele burla todo o processo psicoterapêutico, vem ávido pela sessão com muitos questionamentos, então na verdade vem pela política do aconselhamento. Algo que é sugestionável, um conselho de um "amigo", do senso comum. De certo modo quando vem sob esse entendimento, dizemos também dentro do escopo da Psicologia, de que, pouco o paciente quer ser responsabilizado por suas queixas, pois quando busca o "conselho", transfere essa obrigação para quem lhe dá, podendo justificar inconscientemente suas falhas pelo conselho errado ou também vem para ser ouvido, o que normalmente consegue lidar melhor com sua situação até a próxima sessão quando a angustia bater em sua porta para marcar um dia de retorno. É o que normalmente se brinca quando se faz referencia ao cabeleireiro ou o motorista de Uber em estes atenderem com psicólogos também.


Não há remissão para esses perfil de paciente, até possuem entendimento com suas dificuldades e falhas, então se manter assim é uma fuga, mas a questão é por quanto tempo é possível viver de "conselho". Um psicólogo experiente atento a esse mecanismo de defesa mesmo em processo de escuta é inevitável o processo interventivo, pois o conceito de "aconselhar" não é possível se estender por longos prazos, porque o profissional se adequa o paciente, o que em termos técnicos chamamos de *contratransferência.


*Para Freud, a contratransferência define-se por ser a transferência do analista em relação ao paciente ou a resposta do analista à transferência do paciente, ou seja, a reação emocional, controlada, consciente e adequada do terapeuta ao paciente.



 
 
 

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