O que é importante para o paciente em sessão
- jhiroshi
- 15 de fev. de 2021
- 2 min de leitura
Outro dia, eu ouvi uma conversa numa fila de supermercado, uma pessoa mais velha auxiliando uma outra pessoa mais jovem, possivelmente uma na idade dos 30 anos e outro de 17 anos sobre sua tendência de levar a cabo o suicídio. A seguir outras pessoas se envolveram a dar conselhos sobre a falta de perspectiva sobre a futilidade do ato quando a adolescente passou a responder sobre sua conduta de forma mais clara como quem tem intenção de ser ouvida por outros ao seu redor.
Nesse ponta pé inicial, refletimos que durante a sessão, bons profissionais se isentam de suas próprias condutas moral e ética sobre como se deve olhar para esse paciente, isto é, somos uma caixa vazia sobre o que achamos ou consideramos sobre o indivíduo.
Quando este fala sobre o que é para ele moralidade ou forma como vive, não podemos pressupor pelo nosso histórico de vida, pelas experiências que nos fazem ser o que somos incutir um olhar sobre aquele indivíduo. Esse é a conduta de um indivíduo que dá conselhos ao outro, porque nem sempre o que é importante para um, não necessariamente é para este.
Por isso que nem sempre uma receita de superação, autoajuda ou conquista tem o mesmo valor para aquele que vivenciou todo o processo, daquele que não o fez, mas passa pela dor e angustia que inicialmente o outro viveu antes de iniciar a autobiografia. Outro lado a questionar, é mesmo que tenha vivido algo similar na superação, a própria construção sócia histórica, emocional do sujeito já difere das mesmas experiências. Então o indivíduo se torna único e não uma receita de bolo que todos conseguem medir pela quantidade de ovos ou farinha de trigo.
Por vezes vemos adolescentes de 14 ano grávidas, vemos noticiários sensacionalistas denunciando bebês abandonados, enviados para lixeiras ou em vasos sanitários. Perante um mundo, um monstro ou algo pior.
O que leva uma pessoa a se comportarem dessa forma? Por vezes nem sempre possuir um aparelho reprodutor significa ser mãe, o que para essa adolescente significa ser quem a sociedade lhe impõe? Se repetirmos a fala baseado no que acreditamos ser o correto, o que outros retratam, nunca acessamos o que para ela tem significado.
Não é um trabalho fácil, trata-se de um olhar cuidadoso, de uma fala na busca do que é significante ao sujeito. É preciso ouvir e ver sob a bandeira do outro. Ao mesmo tempo, temos que medir o que também é aceito socialmente, o que afligirá sofrimento em seu modo de agir se partir a viver deste modo dentro de uma sociedade geralmente capitalista e modernista que por parte investe em alienação.

Ao vivenciar a forma como bem se quer, temos que estar dispostos caso vivamos dentro uma sociedade, de perdas e ganhos, nem sempre nessa ordem. Vivemos angustiados, neuróticos por natureza por inúmeras razões que não são resolvidas sob forma de conselhos ou forma que outro encontrou de lidar com isso ou aquilo.





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