O Falso Alívio
- jhiroshi
- 2 de mai. de 2024
- 2 min de leitura
Quando a queixa inicial parece momentaneamente estar resolvida

Uma paciente certa vez, muito angustiada, dizia não estar dormindo e vivendo parcialmente uma "meia vida". Aos tropeços relacionados as suas escolhas de vida quando muito nova, dizia hoje que sua triagem é muito mais responsável do que antes e que remorso por decisões precipitadas lhe assombrava.
Concebida por uma relação de possível adultério da esposa, foi o ápice para o marido acusá-la e logo em seguida abandoná-la. Não foi um nascimento desejado e com as severas orientações da avó materna, a genitora cumpriu o básico em suprir as necessidades iniciais do bebê até poder distanciar desta relação.
Tinha outras irmãs com que se relacionada, mas a relação afetiva com a mãe sempre foi muito distante e era perceptivo a atenção que as outras filhas recebiam, isso angustiava a paciente e vivia sob tutela da avó até os 15 anos de idade.
Com a carência e a baixa autoestima elevada, envolveu-se com um um jovem mais velho, com quem teve um filho e por falta de orientação familiar, perdeu a guarda do filho em que foi morar em outra cidade sob o pretexto de poder vê-lo, mas nunca poder lhe dizer ser sua mãe, o que lhe trazia muita dor e sofrimento psicológico.
Foi a cidade procurar pelo filho com ajuda de pouco amigos, mas não conseguiu voltar para casa, sobrevivendo nas ruas do jeito que podia e conseguiu aos poucos estabilizar-se financeiramente. Apesar das vitórias, nunca superou a relação com a genitora com que até hoje busca exaustivamente que a mesma considere como sua filha e lhe dê o amor que não teve na infância. Outro sofrimento que lhe abate é a perda do filho e de não validar-se como mãe.
Durante suas duas únicas sessões em que compareceu, limitou-se a definir seu sofrimento nas escolhas que tomou para com sua vida e que hoje era dotada da reflexão e da responsabilidades em suas escolhas de forma mais conscientes. Nessa construção de escuta clínica e reflexão com o psicólogo percebeu que o peso da escolha não poderia ser responsabilizada por uma adolescente de 15 anos, já que nunca recebeu apoio familiar e a busca por uma relação em que engravidou, foi pela necessidade de receber amparo emocional que nunca teve. Esse "alivio" lhe emocionou e lhe trouxe certa paz, viabilizando compreender que aquilo nunca se tratou de escolhas. Agradeceu pelo "alívio" do "peso em suas costas", falou que iria rever o filho que viria para sua cidade. Não retornou mais as sessões.
É complicado o paciente se dar alta por si só, o processo de encerramento as sessões tem que ser realizado em conjunto com o profissional, validando com todos os fragmentos e alinhamentos que a queixa inicial está interligada. Nem sempre o "alívio" trata-se do encerramento, lidamos com a "dor", mas também lidamos com a "causa". Atualmente, são pouco pacientes que buscam pela origem de suas sombras...





.png)
Comentários