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Conselho ajuda?

  • jhiroshi
  • 19 de dez. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 23 de nov. de 2023

Quando inicialmente passo a atender um novo paciente, por vezes no final da sessão me verbalizam a necessidade de que os aconselhe na semana sobre suas vidas, como devem viver suas rotinas ou se disciplinar num modo de se comportar (por outro lado, existem abordagens psicológicas que realizam esse procedimento, como é o caso da Comportamental).


Todo aconselhamento vem carregado pelo senso comum, regidas pelas experiências de vida a partir do ponto de vista do outro que orienta e não de quem recebe. A verdade é que é muito mais fácil aconselhar os outros que a nós mesmos, nem sempre somos as melhores referências, tendenciados a elogiar e indicar feitos de outras pessoas como referências a serem seguidas.


Por vezes nem todos os aconselhamentos são seguidos e na maioria das vezes, porque não retrata as dificuldades do indivíduo sobre sua história de vida. Quem aconselha muitas vezes carrega seus próprios sacrifícios, lutas e conquistas. Quem escreve um livro de autoajuda, o conteúdo é resultado de suas experiências únicas e não iguais as suas.


Ninguém dá conselho se quem o recebe, não deu o pontapé emocional, é o que chamamos de fala estruturada, aquele conteúdo que distorce a realidade para ganhar a atenção do ouvinte (geralmente é inconsciente). Também serve para ancorar um cumplice que o alimentará naquele dado momento lhe dar apoio emocional, aliviando sua angústia num conjunto de ações de ordem gestual, comportamental e consequentemente lhe dar um parecer. Isso de certo modo acalenta um certo conforto para lidar com o sofrimento, mas logo passa, então é necessário que procure um próximo candidato a lhe dar a atenção e lhe oferecer conselhos.


Na sessão psicoterápica, é necessário organizar emocionalmente a fala do paciente que por si só não consegue realizar sozinho. É preciso romper o ciclo de repetições e na sua procura por cúmplices para sanar sua dor. Compreende-se os aspectos que o faz manter num ciclo de angústias, dissipando a fala estrutura, o que também chamamos na psicanálise de fala manifesto.


Precisamos estar isentos de valores e crenças para entender o sujeito em sua condição psicológica, nem sempre um trabalho fácil, carecendo também de sensibilidade e da escuta certa. De certa forma, quem constrói o “conselho” é o próprio paciente, ele próprio é autor da ação e não pela fala do outro.

Nem sempre podemos dizer abertamente nossos segredos mais profundos a quem amamos, então o conselho  se torna limitado
Se o conselho não está surtindo efeito, não insista, procure ajuda especializada

 
 
 

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