Confabulações Sociais

Posso dizer que trabalhar no Terceiro Setor, é um das experiências mais interessantes e significativas que eu pude vivenciar ao longo desses dez anos, primeiro porque o contato humano é muito diferente de tudo onde você já tenha trabalhado e segundo, que apesar de que gostaríamos de ser muito bem remunerado, boa parte de nós não somos. O trabalho em sua essência tem um pouco da filosofia em que você acredita em relação ao próximo em querer fazer a diferença, de certo chega ser um pouco idealista este árduo trabalho.

No final não há diferença entre Corporações e ONGs, a maioria funciona na mesma engrenagem

Minha experiência me leva na relação direta dos que ajudei, dos que acolhi e dos que fiz a diferença (olha ela de novo aqui),no final é isso que realmente importa. As ONGs (organizações não governamentais) com o tempo, você percebe que algumas não passam de meras empresas "Você S/A", máquinas políticas, engenhocas obsoletas.

Por vezes penso em Don Quixote do escritor espanhol Miguel de Cervantes, que no conto o autor devaneia histórias de cavalaria, a luta contra gigantes, as injustiças do mundo, defendendo os mais fracos, oferecem suas conquistas a uma bela dama, enquanto é acompanhado de Sancho Pança, seu fiel amigo e companheiro, que tem uma visão mais realista do que seu senhor.

Numa comparação tanto poética, aventuramos por caminhos de difícil acesso, gigantes e cavaleiros negros nos desafiam de prosseguir caminho, são os burocratas, os equipamentos sucateados, o empobrecimento dos serviços, é o pensamento preconceituoso, corrompido, racista, que é tudo e ao mesmo tempo não é nada. Realizamos acolhimento, oferecemos ajuda a quem precise sem deixar os mais necessitados instituir-se, pois buscamos por sua autonomia. Sancho Pança nos avisa que a luta é longa e por vezes difícil em trilhar, mas que não há nada de errado em seguir adiante pelo que se acredita. Afinal já foi provado cientificamente que cérebro não distingui fantasia da realidade.

Por isso á luta, Sancho!

Autor: José Hiroshi Taniguti